sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Arroz de Carreteiro, facim e gostoso


Fim de semana chegando, bom momento para reunir os amigos em casa (ou impressionar alguém com seus dotes culinários). Vamos a mais um preparo simples de fazer que só: arroz de carreteiro. Ensinarei como fazer o tradicional (arroz, cebola e charque) e uma versão que desenvolvi ao longo dos anos e tem feito muito sucesso, visto que nem todos gostam de charque.

Para quem vive mais ao norte, lembro que charque e carne de sol é a mesma coisa, praticamente. Apenas o charque é mais salgado, mas o sabor é o mesmo.

Arroz de carreteiro tradicional: este prato era muito preparado pelos carreteiros - os pioneiros que transportavam mercadorias em carros de boi pelas estradas deste Brasil nos tempos em que asfalto era ficção científica, e mesmo estrada era algo que poucos se atreviam a enfrentar. As viagens duravam semanas... e poucos alimentos podiam ser conseguidos no caminho, forçando os viajantes a consumir o pouco que podiam preparar com rapidez e transportar por muito tempo sem estragar.
Três ingredientes estavam nesta lista: arroz, charque e cebola. Com estes, os tropeiros desenvolveram o famoso arroz de carreteiro.
Para quatro pessoas, você vai precisar de 500 g de charque, 500 g de arroz branco (não pode ser parboilizado) e uma cebola grande ou duas médias.
Pique a cebola miudinho (veja nos tópicos anteriores como fazer) e reserve.
Ponha uma chaleira com água a ferver.
Corte o charque em cubos de cerca de 1 cm, removendo na medida do possível o excesso de gordura. Você vai precisar de uma faca bem afiada para isto.
Para dessalgar, ponha o charque em uma panela, cubra de água e leve ao fogo. Ao levantar fervura, escorra a água, cubra mais uma vez com água fria e repita o processo. Escorra e reserve o charque.
Pegue uma panela média (de preferência de ferro ou barro). Ponha uma lâmina de óleo no fundo. Ponha o charque e frite até que comece a dourar. Ponha a cebola e frite até que fique transparente. Derrame o arroz e ponha, para cada medida de arroz, duas de água. Não esqueça que você não pode salgar, o charque fará isto por você. Deixe cozer em fogo baixo até que seque o arroz e sirva em seguida.
Para acompanhar, parmesão ralado (que os carreteiros compravam no Uruguai ou Argentina).

Arroz de Carreteiro repaginado: esta é a minha versão, que fui aperfeiçoando ao longo dos anos. Feita com carne ao invés de charque, é mais universal; sempre há quem não goste de charque.
Para 4 pessoas, você vai precisar de 500 g de carne (recomendo alcatra, maminha ou coxão de dentro, que é o mesmo que coxão mole); 100g de bacon magro ou costelinha de porco; 1 colher chá de alho picado; 1 pimenta vermelha (dedo-de-moça); 1 cebola grande; 1 caixa de polpa de tomate e 500 g de arroz. Como temperos, conhaque, shoyu, sal e ervas aromáticas a gosto.

Pique a carne em cubos de 1 cm e ponha em um pote. Cubra com shoyu e conhaque em proporções iguais e acrescente o sal, em pequena quantidade. Deixe marinando enquanto você prepara os demais ingredientes.

Pique a cebola, reserve. Pique o bacon ou costelinha o mais miúdo que puder e reserva. Tire as pontas da pimenta, abra ao meio e remova as sementes. Ponha em um pote e derrame água fervente para que o ácido evapore e ela fique mais fraca. Escorra a água e fatie a pimenta bem miudinho.

Prepare uma panela (de preferência ferro ou barro) com uma lâmina de óleo no fundo. Ponha uma colher de chá de alho picado e a pimenta vermelha fatiada e leve ao fogo até que o alho doure. Acrescente o bacon e deixe fritar até torrar. Ponha os cubos de carne aos poucos, mexendo sempre para que fiquem selados. Frite a carne até que fique dourada.
Acrescente a cebola e frite até a transparência. Acrescente a polpa de tomate e deixe ferver até que o óleo comece a se separar da polpa, o que indica que o tomate está cozido. Acrescente o molho que sobrou da marinada da carne.
Acrescente o arroz e, para cada medida de arroz, uma medida e meia de água fervente.
Baixe o fogo, prove e corrija o sal se necessário e deixe cozinhar, mexendo de vez em quando para não pegar no fundo da panela. Quando estiver seco, veja se o arroz está bem cozido. Se necessário, acrescente mais água fervente. Está pronto para servir.

Três acompanhamentos são bem-vindos com este preparo:
Farofa de ovo, que você faz com ovo cozido esmagado com um garfo. Para 4 pessoas, 4 ovos.
Salsa e cheiro verde picados, frescos.
Queijo parmesão ralado.

Não esqueça de oferecer molho de pimenta aos apreciadores. Coma com prazer, em homenagem aos carreteiros que desbravaram nossas fronteiras.

7 comentários:

  1. hummmmmmmmmmmm
    vou experimentar Marcelo

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  2. O Blog “Marco – uma cena poética” visa publicar o processo de montagem da peça "Marco", da CIA Rústico Teatral, contemplada no Edital de Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Joinville (FCJ) A peça "Marco" é baseada no “Livro de Marco” do escritor Flávio Carneiro, que foi licenciada pela ABRAMUS. A estréia da peça está marcada para 16 de novembro de 200

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  3. Olha...
    O Carreteiro do Billes é bom gente!!!

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  4. Gostei muito do vosso relato e experiência de vida, estou seguindo agora mesmo para preparar o famoso arroz de carreteiro.

    Obrigado,

    Renato Cicero - SE

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  5. Uauuuu... parece bom. Vou me aventurar também!!!

    Obrigado...

    Luiz Adriano - SC

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  6. Olá Marcelo, sou sua xará... cai por um acaso nesse blog e amei cada dica que eu já li... ainda não deu tempo de ler tudo... ahhh eu ainda estou aprendendo a usar blog... custei achar uma forma de comentar pra falar com vc rsss... mas daqui a pouco eu fico fera rsss... então, devido aos meus poucos conhecimentos, acho que percebi que tem mais de uma ano que você não posta nada no blog, é isso??? tô certa?? que pena!! pois eu amei seu blog... aliás, gostei tanto do seu que vou criar um tb... eu amo cozinhar... claro, não tenho toda essa sabedoria que vc tem... sou estudante de Direito, mais meu sonho mesmo é ter um restaurante... em fim... parabéns!!!! vc é fera!! super abraço...

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  7. Maneiro essee Blog! gostei da linguagem dos textos!!

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